Anexo - A Notícia
Do campo para o campus
Dupla joinvilense é revelação no gênero conhecido como sertanejo universitário, filão que atrai o público jovem
Rodrigo Schearz
Faz muito tempo que Leonardo deixou o emprego de plantador de tomates, no interior de Goiás. Nos últimos anos, ele também parece estar a quilômetros longe das porteiras do gênero sertanejo. A principal atração do aniversário de Joinville, que se apresenta amanhã na cidade, mudou tanto o estilo que hoje pode ser rotulado simplesmente de cantor romântico. Modernizar o sertanejo para atrair um público mais jovem não é exclusividade do cantor de “Entre Tapas e Beijos”. Em Joinville, a dupla Fábio & Juliano é a maior representante do filão conhecido como sertanejo universitário.O gênero é um fenômeno nacional, abastecido por milhares de jovens que consomem um sertanejo revigorado. Algumas letras podem até estarem atreladas ao imaginário do campo, mas a sonoridade das músicas flertam com diversos estilos, em andamentos mais acelerados. “O trabalho do César Menotti & Fabiano é um bom exemplo disso. São composições antigas, com uma roupagem mais atual, que atende o gosto e costumes dos jovens”, diz Juliano. Ele e Fábio têm atraído um bom público para seus shows em Joinville, além de emplacar a música “Machucando o Coração” no primeiro lugar das paradas de rádios locais.Em um quesito, Fábio e Juliano são tradicionais: como a maioria das boas duplas sertanejas, eles são irmãos. A vantagem é que os dois tocam juntos há muito tempo, uma afinidade difícil de ser igualada em parcerias fora da família. “Nós tocamos desde que aprendemos a falar, e nunca mais paramos”, revela Fábio, 24 anos, sobre a bem-azeitada aliança. Os dois vêm de uma família musical. A avó costumava cantar músicas sertanejas, e o pai, Sandro da Silva, no café da manhã já está sentado à mesa com o violão nas mãos. “Em nossa casa, a música não pára. Qualquer churrasco vira um show”, brinca Juliano, 26 anos.A carreira profissional da dupla começou no início dos anos 1990, ainda crianças. Após uma série de apresentações e aparições em programas de rádio e TV, os dois deram um tempo, retornando só em 2006. “Com a onda do sertanejo universitário, vimos que existia um público para a nossa música”, explica Juliano. Os dois produziram recentemente seu primeiro CD, “Oh Trem Bão”, que será lançado em breve. Mesmo assim, as músicas já são sucessos locais e até fora do Estado, graças à internet.Outro trunfo da dupla é a empresária e assessora Keith Colin. É ela quem envia as músicas a rádios de todo o País e negocia cachês com casas de shows. “Músicos não sabem negociar. Por eles, tocariam de graça e não achariam ruim”, brinca Keith. Com muita relutância, ela revela que é namorada de Fábio. É para não afugentar as fãs, justifica. “Nos shows ela me proíbe de dizer que tenho namorada”, garante Fábio.Fábio e Juliano têm um gosto eclético, que vai das duplas de sertanejo raiz, como Alan & Aladin e Milionário & José Rico, até os pioneiros do rock. Fábio é um grande fã de Elvis, que considera um cantor romântico. Ele gostaria de tocar músicas do ídolo nos shows, mas teme ser vaiado pela platéia, acostumada ao sertanejo. Pensa um pouco no que disse e acaba voltando atrás: “Bom... O Elvis era o rei, não é? Ninguém vaiaria o rei.”
rodrigo.schwarz@an.combr
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